quarta-feira, 25 de março de 2009

O eterno Xadrez


O tecido xadrez foi criado por proprietários de terras na Escócia, durante o século XIX, como alternativa para o tartã, considerado inadequado ao uso diário ou ao trabalho. Durante o século XX, foi usado, a princípio, somente em ternos e casacos masculinos, mas logo tornou-se popular para as mulheres em costumes, mantôs, xales, saias, vestidos e na década de 60 também passou a ser usado em calças femininas.

É também oitocentista o surgimento na Índia de um padrão autenticamente anglo-indiano: inspirados pelos xadrezes escoceses e britânicos, os indianos misturaram fios tingidos em azul (com índigo) e amarelo (com curcuma) produzindo um policromático quadriculado em sobreposição, e tudo isso aconteceu na cidade indiana de Madras, que deu seu nome a esse padrão, o xadrez madras. Hoje ele é produzido com uma variedade imensa de cores.

Tartã é o nome de um tecido de lã de trama fechada, gramatura leve e possui padrões diferentes usados para identificar os clãs da Escócia. O tecido possui listras diferentes que se cruzam criando desenhos em xadrez de várias larguras. Na Idade Média era colorido com pigmentos naturais de amoras, morangos e framboesas.

Por volta de 1703, os clãs passaram a empregar a estampa xadrez, para distinguir as suas famílias. Cada uma delas criou o seu tartã para diferentes ocasiões : celebrações, caçar, trabalhar e até mesmo para namorar.

Na década de 40, frequentemente a rainha Vitória fazia visitas a sua propriedade em Balmoral, na Escócia, e isso incentivou a moda de roupas de tartã, já que o uso era apropriado para datas comemorativas. Após a Segunda Guerra Mundial os kilts e saias de tartã tornaram-se populares.

No início do século XX começam a surgir os primeiros xadrezes de composição, ou seja, desenhados. Esse tipo de xadrez não resulta da sobreposição cruzada de listras, mas da repetição do quadrado. O xadrez de Vichy é um bom exemplo desse rapport quadriculado, sendo originalmente feito apenas em preto-e-branco nessa cidade francesa, desde meados do século XIX. Ainda no tear vemos novo xadrez nascer, no entrelaçamento dos fios de trama com os do urdume, produzindo uma espécie de desenho em gancho, o famoso pied-de-poule (pé-de-galinha em francês). Seu nome se deve ao formato em pontas parecido com os pés de uma ave. Quando o padrão é executado em desenho ampliado recebe o nome de pied-de-coq (pé-de-galo).
Foi esse xadrez que a revolucionária Coco Chanel levou para as roupas femininas na década de 30, quando essa padronagem era considerada absolutamente masculina. Chanel também inovou lançando uma coleção de bolsas e meias com estampas de tartans escoceses em plena Segunda Guerra. Coco Chanel transformou o pied-de-poule em sinônimo de moderno no xadrez.
Coco Chanel



pied-de-poule


Foi Coco Chanel que trouxe para o guarda roupa feminino, roupas elegantes e confortáveis no padrão tartã. Na década de 70, com o surgimento dos punks o xadrez foi usado como detalhes e tinha a intenção de ironizar e romper com os ícones culturais, exigindo mudanças sociais e comportamentais. Nos anos 80 vários estilistas famosos lançaram calças nessa padronagem, entre eles a inglesa Vivienne Eastwood.

Esse padrão estará mais comum na versão P/B (preto e branco) e continuará com força total para o Inverno 2009.

O xadrez tartã mostra a que veio e tomou conta de vários desfiles internacionais, em meio a várias padronagens e tecidos, tais como: príncipe de galles, risca de giz, veludos, tweeds, lãs feltradas e escovadas, couros, rendas, bouclês, etc.

Dentre os xadrezes compostos, o chessterfield é também um clássico com suas inspirações decô, e ainda hoje é muito utilizado em várias versões, principalmente em forrações. Nos anos 20 o pintor holandês Piet Mondrian desconstruiu o xadrez em sua magnífica obra neoplasticista, influenciando todo o design e arte decorativa, industrial e publicitária posteriores. Pois é, esse simpático padrão tem uma história que fascina, cheia de aventuras, dramas e talentos, sendo o xadrez verdadeiro labirinto de quadrados, um mantra geométrico dessas quatro partes.


Modelo em tafetá by Bianca Marques


Galocha em xadrez pied-de-poule






Use em saias-calças, tops e até paletós para um toque bem-humorado.
Evite em locais de maior volume.
Geralmente aumentam a silhueta.
Misture xadrez com outras estampas ou em mix de diversos xadrezes.
Proibido usar a mesma estampa em overdose.
Se estiver na calça, evite na blusa.
Parceiro número um dos jeans e das botas.
Fonte: Revista Elle/Manequim

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