sexta-feira, 27 de março de 2009

"A Moda muda, o estilo permanece"...

O mundo não seria o mesmo não fosse Coco Chanel, a genial costureira francesa que, com inteligência, talento e espetacular senso de marketing, inventou a mulher moderna. Em matéria de roupa, é claro. Quando Chanel nasceu, mulher elegante tinha de ter formas opulentas, espremer-se em espartilhos sob vestidos volumosos e equilibrar na cabeça chapéus imensos. Quando Chanel morreu, em 1971, aos 88 anos, a madame de classe era magra e suas roupas sóbrias e bem cortadas : "A moda muda, o estilo permanece".
Gabrielle Bonheur Chanel, (Saumur, 19 de agosto de 1883 - Paris, 10 de janeiro de 1971), mais conhecida como Coco Chanel.

De família numerosa: tinha quatro irmãos (dois meninos e duas meninas). O pai, Albert Chanel, era caixeiro-viajante e a mãe, Jeanne Devolle, era doméstica. Depois da morte precoce da mãe, que faleceu de tuberculose, o pai de Chanel ficou com a responsabilidade de tomar conta dos filhos. Devido à profissão de seu pai, Coco e as irmãs foram educadas em um colégio interno, enquanto que os irmãos foram trabalhar numa quinta.

Em 1903, com vinte anos, Gabrielle saiu do colégio e tentou procurar emprego na área do comércio e da dança (como bailarina) e também faz suas tentativas no teatro, onde raramente teve grandes papéis devido à sua estatuta. Vendo, ninguém diria: Coco Chanel era franzina, quadris estreitos, seios pequenos. Compensava com o raciocínio rápido, o olhar ardente, a voz rouca e possivelmente outros atributos, menos publicáveis, que lhe garantiram uma alentada lista de conquistas a vida inteira. O primeiro amante rico, o francês Étienne Balsan, apresentou-a a artistas e cortesãs que se tornariam as divulgadoras iniciais do seu estilo.

Por volta de 1910, na capital parisiense, Coco vai conhecer o grande amor da sua vida: um milionário inglês, o cobiçado playboy Arthur “Boy” Capel, instalou-a em Paris e financiou sua primeira loja. Ajudou-a abrir sua primeira loja de chapéus. A loja Chanel iria se tornar um sucesso e apareceria nas revistas de moda mais famosas de Paris. Com este relacionamento, Chanel aprendeu a freqüentar o meio sofisticado da Cidade Luz. Algum tempo depois, Capel acabou a relação para casar com uma inglesa e meses mais tarde morreu num desastre de carro.

Com este desgosto, Chanel abriu a primeira casa de costura, comercializando também chapéus. Nessa mesma casa, começou a vender roupas esportivas para ir à praia e para montar a cavalo. Pioneira, também inventou as primeiras calças femininas.

Mais adiante, o riquíssimo duque de Westminster a cobriu de jóias e pôs à sua disposição tecelões de primeira. Daí para a frente, o mundo foi de Chanel.

No início dos anos 20, Chanel conheceu e apaixonou-se por um príncipe russo pobre, Dmitri Pavlovich, que tinha fugido com a sua família da Rússia, então União Soviética. A sua relação com Paulovitch a fez desenhar roupas com bordados do folclore russo e, para isso, contratou 20 bordadeiras. Neste período, Chanel conheceu muitas artistas importantes, tais como: Pablo Picasso, Luchino Visconti e Greta Garbo.



As jóias que ganhou de amantes ricos inspiraram a inédita mistura de pedras falsas e verdadeiras ,
surgia a bijuteria fina, um dos produtos de maior sucesso da marca Chanel


Suas roupas vestiram as grandes atrizes de Hollywood, e seu estilo ditava moda em todo o mundo. Além de confecções próprias, desenvolveu perfumes com sua marca. Os seus tailleurs são referência até hoje.

Em 1921, criou o perfume que a iria converter numa grande celebridade por todo mundo, o nº5. O nome referia-se ao seu algarismo da sorte. Depois deste perfume, veio o nº17, mas este não teve o mesmo êxito que o nº5.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Chanel fechou a casa e envolveu-se romanticamente com um oficial alemão. Reabriu-a em 1954.
No final da guerra, os franceses conceituaram este romance mal e deixaram de frequentar a sua casa. Nesta década, Chanel teve portanto dificuldades financeiras. Para manter a casa aberta, começou a vender suas roupas para o outro lado do Atlântico, passando a residir na Suíça.

Devido à morte do ex-presidente norte-americano John Kennedy e à admiração da ex-primeira dama Jackie Kennedy por Chanel, começou a aparecer nas revistas de moda com a criação do seu tailleur . Depois voltou a residir na França.

Faleceu no Hotel Ritz Paris em 1971, onde viveu por anos. O seu funeral foi assistido por centenas de pessoas que levaram as suas roupas em sinal de homenagem.


Chanel é sinônimo de tailleur, o duas-peças em que cada costura é pensada de forma a não impedir os movimentos e que segue reinventado pela grife que mantém seu nome. Outros símbolos: camélia e correntes no pescoço

Os chapéus, que adorava, por sua influência tornaram-se um acessório leve, elegante, fácil de usar. As roupas de tecidos moles e sedutores ganharam corte inteligente (cava alta, para se erguer o braço sem problemas, fita interna na cintura para prender bem a blusa), sem 1 centímetro a mais de tecido. Das mãos de Chanel – que nunca desenhou nada e trabalhava direto no tecido, sentada no chão, a boca cheia de alfinetes – saíram o tal "pretinho básico", que a revista Vogue batizou de "Ford dos vestidos" porque todas as mulheres iam ter um, e o célebre tailleur: saia, casaquinho com arremate trançado e bolsinhos. A mais perfeita modelo de Chanel era Chanel, a imagem da mulher moderna: esbelta, sem espartilho, cabelo curto, rosto bronzeado. Suas idéias tinham a simplicidade do gênio. Friorenta, adotou peles no forro e nos detalhes de seus modelos e casacos com grandes bolsos. Pôs uma correntinha na bolsa e a pendurou no ombro, para facilitar. Sucesso mundial. Em suas mãos, a calça comprida virou uma roupa feminina e chique – ela mesma foi uma das primeiras a usar calças largas, tipo "pijama", em festas e jantares finos.

Chanel fez a mulher ficar magra, já que gorduchas nunca couberam bem em suas criações. Cobrava muito dinheiro por um tailleur, mas, num tempo em que a pirataria ainda não era uma dor de cabeça planetária, orgulhava-se de ver seus modelos copiados mundo afora. Também foi por sua obra e graça que os acessórios saíram dos fundos das lojas para a área nobre das vitrines. Nos anos difíceis do pós-guerra, foi com perfumes, luvas e camélias estilizadas – flor que virou marca registrada – que Chanel se sustentou.

"Uma revolução" – Chanel nunca se casou, nem teve filhos, foi amiga de gente famosa, como Pablo Picasso, Igor Stravinski, Jean Cocteau e Winston Churchill – que deu um jeitinho para que não fosse presa no fim da II Guerra, por haver passado os anos de ocupação de Paris instalada no hotel Ritz com o amante, um barão alemão. Não escapou do ostracismo, do qual só saiu em 1954 com um grande desfile. A Europa torceu o nariz, mas a imprensa de moda americana adorou. No ano seguinte, a revista Life decretaria: "Ela está influenciando tudo. Aos 71 anos, está trazendo mais que um estilo – uma revolução". Era a insuportável mademoiselle, de volta à velha mas muito moderna forma que marcou sua vida e a de quase todas as mulheres do mundo.



Os sapatos bicolores sempre foram os favoritos de Chanel


A bolsa a tiracolo foi feita para livrar a mão da mulher, praticidade juntou-se
o charme da corrente dourada e do matelassê




Em 1921, fez-se o Chanel nº 5, primeiro perfume a ter frasco sem adornos e a levar o nome de sua criadora.
É ainda hoje o mais vendido do mundo


"A era Chanel"
Edmonde Charles-Roux
Tradução: Paulo Neves
Quarta capa: Constanza Pascolato
Um dos maiores ícones da moda no século XX, Chanel (1883-1971) sempre se distinguiu por uma postura modernista e radicalmente inovadora. Em tempos de mulheres submissas, ela era a própria personificação da modernidade, relacionando-se intimamente com a vanguarda intelectual e artística de sua época. O sucesso de Chanel foi imenso: seu reinado sobre o mundo da alta-costura durou cerca de meio século. Entender o poder da imagem foi seu maior mérito. Com um estilo incomparável, era apaixonada pelo discreto charme do guarda-roupa masculino e inovou ao usar tecidos utilitários para fazer roupas chiques, jovens e casuais. Como mulher de negócios, provou ser igual ou superior aos homens. Porém, se a moda esteve no centro de toda sua vida, no amor era uma mulher vulnerável. Mais que um belo relato sobre uma vida e uma obra extraordinárias, este é um livro fascinante, que registra em cerca de quatrocentas fotografias, retratos e desenhos, a trajetória da maior personagem da moda de todos os tempos.


Algumas frases marcantes :
“Não gosto que falem da moda Chanel.Chanel é antes de tudo um estilo.A moda sai de moda, o estilo, jamais.”
“O luxo não é o contrário da pobreza, mas da vulgaridade.”
“Uma mulher sem perfume é uma mulher sem futuro.”Coco Chanel

Após terem passado tantos anos do seu reinado na moda, podemos verificar que o estilo Chanel não morreu, ele permanece nos cabelos, sapatos, roupas, marcando território entre as mulheres que desejam ser discretas, elegantes e acima de tudo, clássicas.

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