sexta-feira, 20 de março de 2009

A Baiana estilizada que virou Moda


Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu em Portugal (9/2/1909), veio ainda criança para o Brasil e, ao se instalar na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Lapa, logo ganhou um novo nome: Carmen, referência à ópera de Bizet, uma das paixões de seu pai.
Com o passar do tempo, sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 1930 a 1950. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. Seu estilo eclético faz com que seja considerada precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 1960.

O talento para a música começou a se manifestar e não demorou muito para que ela ficasse conhecida em todo o país. “Carmen não era apenas uma intérprete. Ela fazia um espetáculo inteiro acontecer, além de ser muito autêntica. Tudo isso nos anos 1930 e 1940, em que a moda estava contida, mais séria”, afirma João Braga, professor de história da moda, da Faap.

O que é que a baiana tem? A originalidade da artista ia além da sua voz e do seu jeito de cantar inconfundível. A baiana estilizada virou sua marca registrada, além de inspiração para os estilistas até os dias de hoje.

“Foi ela quem criou as plataformas, que podem ser vistas atualmente entre as tendências de moda”, lembra Paulo Borges, diretor do SPFW, evento que homenageou a cantora em sua última edição.

Sandálias: dessas sandálias, ela tinha cerca de 500 pares, todas customizadas e altíssimas.

Turbante: decorado também é outro acessório marcante da diva. Visionária, vaidosa e com pouco mais de 1,50 m de altura, ela fazia dos seus apetrechos aliados para ganhar alguns centímetros a mais e fazer o público grudar os olhos no palco.

Pulseiras : grossas, finas, coloridas e metalizadas com os colares de bolas também eram essenciais para o figurino de Carmen, pois ajudavam a ampliar os seus movimentos ao dançar.

Com bastante sucesso por aqui, ela ampliou sua carreira para o cinema e acabou sendo assediada por Hollywood, onde atuou em mais de uma dezena de filmes e se consagrou como estrela internacional. Nos Estados Unidos, ela também participou de grandes espetáculos musicais e, em 1940, fez uma apresentação para o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca. Foi também no exterior que a portuguesa mais brasileira de todos os tempos faleceu em agosto de 1955, aos 46 anos, vítima de um ataque cardíaco fulminante.

Sinônimo de brasilidade e referência de moda, “Ela conseguiu criar uma identidade brasileira ao misturar elementos sensuais, como o bustiê e os quadris marcados, com o exagero dos bordados e de seus gestos. A própria Carmen, inclusive, costurava suas peças”, afirma João Braga, historiador de moda. “O exagero do barroco está na essência do brasileiro e ela trazia isso em sua imagem. Foi ela quem criou uma identidade para o Brasil lá fora, de alegria e de descontração”, diz João.

A baiana estilizada de Carmen Miranda já serviu de inspiração para vários estilistas. No São Paulo Fashion Week, ela foi o tema da edição, que trouxe uma exposição com objetos e figurinos da cantora. “Com o seu visual, ela fez o mundo reconhecer o Brasil como o país da alegria”, acredita Paulo Borges, diretor do evento.

Museu Carmen Miranda Localizado no Rio de Janeiro, o espaço possui cerca de 3 mil peças de acervo, em sua maioria pertences pessoais da artista, doados pela família. Traz também coleção de indumentária, com figurinos de filmes, bijuterias, sapatos, turbantes e outros balangandãs. Entre os destaques, está a saia usada em seu show de estréia na Broadway, o turbante do seu casamento e alguns trajes completos de shows.
Av. Rui Barbosa, s/n - Flamengo - telefone (21) 2334-4293 - horário de funcionamento 3ª a 6ª feira, das 11h às 17h Sábado das 13h às 17h - entrada franca
Fonte: Revista Manequim

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